segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Alerta laranja pelo bem das mulheres e meninas do mundo todo

Durante 16 dias a cor oficial deste Blog mudará para laranja em apoio à campanha da ONU. Faça do laranja sua cor também. 

A seguir o comunicado da ONU:

Campanha da ONU convida público a ‘pintar o mundo de laranja em 16 dias’

25 de novembro de 2013 · Comunicados

Campanha da ONU convida público a 'pintar o mundo de laranja em 16 dias'



Você está convidad@ a pintar o mundo de laranja em 16 dias! Para marcar o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres e os 16 dias de ativismo, a campanha do secretário-geral das Nações Unidas “Una-se pelo fim da violência contra as mulheres” convida você a “pintar o mundo de laranja em 16 dias: pelo fim da violência contra as mulheres e as meninas”.
Nós convidamos você a se juntar a nós na organização nacional e local de “eventos laranja” entre 25 de novembro e 10 de dezembro, criando uma visão simbólica de um futuro brilhante e positivo, em que o mundo é livre da violência contra as mulheres e meninas.
Pinte o mundo de laranja conosco por meio de iniciativas criativas e visíveis como: projetar luzes na cor laranja em monumentos de sua cidade, organizar paradas ou desfiles laranja, “alaranjar” os eventos esportivos das escolas, amarrar fitas laranja onde quer que seja permitido, colocar balões laranja em sua sala de reuniões ou soltá-los em um evento em um parque, decorar de laranja os transportes públicos das cidades ou os centros de vilas e aldeias.
Mostre sua iniciativa a seus familiares, amigos e parceiros e convide-os a participar. Aproveite para aumentar a sensibilização e a atenção do mundo em relação à pandemia global da violência contra as mulheres e meninas e apresentar soluções para por fim a esta triste realidade.
Junte-se a nós nesta iniciativa e pinte o mundo de laranja!

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Encontro de Advogados em Santa Luzia

É voz corrente neste Blog que advogados adoram eventos, gostam demais de falar, debater, etc.. A palavra falada e escrita é nosso instrumento de trabalho. Com a técnica e a sensibilidade da fotógrafa Simone Porto, aí está o registro in picture do encontro em Santa Luzia. 


Falou-se sobre a advocacia, a prática, a crise e a independência dos advogados.

E obviamente sobre a questão da mulher, com a invocação de Virgínia Woolf e de Durga, a divindidade hindu de doze braços.




Houve debate, troca de experiência e alguma divergência: afinal, quem gosta de ser Dom Quixote?



Sílvio Carvalho, Frederico Orzill (FACSAL), Valéria Veloso, Francisco Gabrich (OAB), Ana Carolina Machado (OAB)


VV, Ana Carolina Machado, OAB Mulher Santa Luzia

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Prêmio Sakharov pela Liberdade de Pensamento para Malala

Direitos Humanos


Em 10 de outubro a ativista paquistanesa Malala Yousafzai, de 16 anos ganhou o prestigiado prêmio Sakharov pela Liberdade de Pensamento, oferecido pelo Parlamento Europeu, composto de 750 membros. 



Malala desde muito cedo milita pela educação das meninas. Desde os 11 anos descrevia em um blog, sob um pseudônimo, o medo que reinava no Vale do Swat (nordeste do Paquistão) e a impossibilidade de ir à escola na região controlada pelos islamitas talibãs de 2007 a 2009.


Malala comoveu o mundo ao ser vítima de um atentado. Um extremista do movimento islâmico disparou contra o rosto da garota quando retornava da escola, levando-a quase à morte. Depois de longa recuperação, prosseguiu sua luta e recebeu, além de um diploma, um cheque no valor de US$ 67 mil.

O Prêmio Sakharov pela Liberdade de Pensamento é oferecido pelo Parlamento Europeu desde 1988, em homenagem ao cientista e dissidente soviético Andrei Sakharov. Já receberam o prêmio Nelson Mandela e a ativista de Mianmar Aung San Suu Kyi.


Para Ijaz Khan, professor de relações internacionais da Universidade de Peshawar, Malala representa a luta global pela paz, pelo progresso e pela tolerância, por meio da educação das mulheres.

O prêmio será entregue em 20 de novembro em Estrasburgo.


Em 21/10 Malala lançou seu livro, «I Am Malala», no Southbank Centre, em Londres. Após seu discurso, no qual defendeu que os países em conflito devem trocar as armas por canetas e lutar apenas pela educação dos filhos, foi ovacionada de pé por parte da plateia. 

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Encontro em Santa Luzia

A OAB Mulher de Santa Luzia e a Faculdade da Cidade de Santa Luzia - FACSAL promovem no auditório da FACSAL a palestra ADVOCACIA NOS TRIBUNAIS. Lá estaremos na aprazível cidade de Santa Luzia na próxima quarta-feira, 9 de outubro, para falar da advocacia nos tribunais, da questão da mulher advogada e dos advogados independentes. Prática, filosofia e ativismo. Estão todos, de BH, Santa Luzia e adjacências, convidados à nossa conversa pública. 


terça-feira, 17 de setembro de 2013

Movimento em marcha

Pronta a logomarca do movimento. Quem sabe faz a hora não espera acontecer (Geraldo Vandré). Movimento em marcha.


O problema está em casa

Chegando da pós-graduação, local de nascedouro deste Movimento, é tarde, sabemos. As mulheres que integram este movimento estão realmente em movimento. Estudam depois de formadas, trabalham, são mães e donas de casa. É muito, também sabemos. Daí a necessidade de adquirir não só mais conhecimento sobre o tempo, mas sabedoria sobre ele. Não conseguimos ainda. Sabemos até agora que é a moeda mais valiosa hoje em dia. Ser dona e senhora do seu tempo significa libertação. Ainda não chegamos lá. E assim, tarde, não podemos deixar para amanhã, pois, as horas de amanhã já estão orquestradas com outras tarefas, que roubamos estas horas para compartilhar, (este é o mote deste Blog), a matéria sobre o novo livro da historiadora Mary del Priore, Histórias e Conversas de Mulher:
"Nos últimos 20 anos um nó de contradições marcou o papel das mulheres na sociedade brasileira. Assim como as desigualdades sociais, as disparidades entre os sexos se acumulam, multiplicando os benefícios deles em detrimento das carências delas. Em casa, tarefas continuam compartilhadas desigualmente, embora surja zonas de negociação com o fogão e as compras."
"Nada de 'coitadismo'. Reclamar, dar-se à melancolia e pôr sempre a culpa 'neles' são hábitos que podem muito bem servir para encobrir contradições. O problema está em casa."
"Mary puxa a orelha de mulheres que incentivam estereótipos sobre a 'burrice feminina', daquelas coniventes com a propaganda sexista e com a vulgaridade da mídia. E não se incomodam que este modela encha a cabeça das filhas."
"As próprias mulheres contribuem - e muito - para a desvalorização grosseira das conquistas femininas. Podem até ser maioria no Censo, mas falta-lhes um projeto, uma agenda que as tire da mesmice e as arranque da apatia".
"No século 21, as ocidentais têm outra prisão: a imagem. Os homens olham as mulheres. E as mulheres se olham ser olhadas." (O problema está em casa, Estado de Minas, sábado, 14/9/13).
Em suma, partir para ser sujeito atuante e não objeto passivo ou alienado.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Profissões para mulheres por Virgínia Woolf

Virgínia Woolf leu esse texto para a Sociedade Nacional de Auxílio às Mulheres em 21/1/31

Quando a secretária de vocês me convidou para vir aqui, ela me disse que esta sociedade atende à colocação profissional das mulheres e sugeriu que eu falasse um pouco sobre minhas experiências profissionais. Sou mulher, é verdade; tenho emprego, é verdade; mas que experiências profissionais tive eu? Difícil dizer. Minha profissão é a literatura; e é a profissão que, tirando o palco, menos experiência oferece às mulheres. (...)

Existe coisa mais fácil do que escrever artigos e comprar gatos persas com o pagamento? (...) E, quando eu estava escrevendo aquela resenha, descobri que, se fosse resenhar livros, ia ter de combater um certo fantasma. e o fantasma era uma mulher, e quando a conheci melhor, dei a ela o nome de "O Anjo do Lar". Era ela que me incomodava, tomava meu tempo e me atormentava tanto que no fim matei essa mulher. Vocês que são de uma geração mais jovem e mais feliz, talvez não tenham ouvido falar dela - talvez não saibam o que quero dizer com o Anjo do Lar. Vou tentar resumir. Ela era extremamente simpática. Imensamente encantadora. Totalmente altruísta. Excelente nas difíceis artes do convívio familiar. Sacrificava-se todos os dias. Se o almoço era frango, ela ficava com o pé; se havia ar encanado, era ali que ia se sentar - em suma, seu feitio era nunca ter opinião ou vontade própria, e preferia sempre concordar com as opiniões e vontades dos outros. E acima de tudo - nem preciso dizer - ela era pura. Sua pureza era tida como sua maior beleza - enrubescer era seu grande encanto. (...) Fiz de tudo para esganá-la. Minha desculpa, se tivesse de comparecer a um tribunal, seria legítima defesa. Se eu não a matasse, ela é que me mataria. arrancaria o coração de minha escrita. Pois, na hora em que pus a caneta no papel, percebi que não dá para fazer nem mesmo uma resenha sem ter opinião própria, sem dizer o que a gente pensa ser verdade nas relações humanas, na moral, no sexo. E, segundo o Anjo do Lar, as mulheres não podem tratar de nenhuma dessas questões com liberdade e franqueza; se querem se dar bem, elas precisam agradar, precisam conciliar, precisam - falando sem rodeios - mentir. (...) Demorou para morrer.

(...) Mesmo quando o caminho está nominalmente aberto - quando nada impede que uma mulher seja médica, advogada, funcionária pública-, são muitas, imagino eu, os fantasmas e obstáculos pelo caminho. Penso que é muito bom e importante discuti-los e defini-los, pois só assim é possível dividir o trabalho, resolver as dificuldades. Mas além disso, também é necessário discutir as metas e os fins pelos quais lutamos, pelos quais combatemos esses obstáculos tremendos. Não podemos achar que essas metas estão dadas; precisam ser questionadas e examinadas constantemente. (...) 
(Woolf,


Virgínia*, Profissões para mulheres e outros artigos feministas, 

tradução de Denise Bottmann; 

Porto Alegre, RS, L&PM, 2012 , p. 9-18). 

A pergunta de hoje é: o mundo mudou em 82 anos?






* Uma das romancistas mais inovadoras da líteratura inglesa (1882-1941) notabilizou-se também como precursora do feminismo contemporâneo.

No fórum hoje

A quem interessar possa. Conforme prometido distribuímos hoje a ação contra a instituição de ensino que deu uma abocanhada no nosso bolso, digo, reteve para si valores que entendemos indevidos. 

Uma vez um escrevente me disse quando dei com os costados no cartório para despachar com o juiz uma liminar: rezou pouco, dra., para a ação cair aqui. Hoje a ação foi distribuída pelo sorteio do computador para a 27ª Vara Cível. Vamos ver e em conjunto, pois foi criado hoje, neste Blog, um mural desta ação ordinária, uma ação comum, para que nossos leitores possam acompanhar em tempo real a quantas anda a justiça de Minas Gerais. 

A chacrinha (animação) na fila sentada chamou a atenção dos advogados em volta. É que a classe hoje no fórum estava decididamente desanimada e macambúzia. E não pensem que estão alienados. Não, sabem perfeitamente o motivo e lembram os autores, o então ministro da educação, Paulo Renato de Souza, a proliferação dos cursos de direito pelo país afora, excesso de advogados, escassez de demanda, resultado: a classe desanimada e macambúzia.

Por outro lado a fila grande da distribuição é bom sinal, significa trabalho para os advogados. A que preço, pensamos nós.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Rosiska Darcy de Oliveira eleita para a ABL

A escritora e jornalista carioca Rosiska Darcy de Oliveira foi eleita ontem para a Academia Brasileira de Letras - ABL, ocupará a cadeira de número 10. Rosiska recebeu 23 dos 38 votos dos acadêmicos disputando com 14 candidatos. Bacharel em Direito, fez carreira no jornalismo, Revista Visão e Jornal do Brasil, trabalhou na TV Globo antes de se exilar na Suíça durante a ditadura militar. No exílio lecionou na Universidade de Genebra durante uma década antes de retornar ao Brasil. 

Brava, Rosiska, parabéns! Nossa patrona agora é imortal.


Seus dois primeiros livros, "Le Féminin Ambigu" e "La Culture Des Femmes", foram publicados na Europa. Entre suas principais obras, estão "Outono de Ouro e Sangue" (2002), "Reengenharia do Tempo" (2003), "A Natureza do Escorpião" (2006) e "Chão de Terra" (2010).

Nelas, discute temas como o desejo da sociedade por status, a organização do cotidiano, a ditadura do corpo, entre outros.

sexta-feira, 8 de março de 2013

Dia Internacional de Desalienação da Mulher

Mulheres há que sequer se dão conta dos milênios de opressão sobre nossos corpos e cabeça e seguem incautas reproduzindo a dominação nos filhos que educam. 

Daí decidimos instituir o Dia da Desalienação da Mulher, nós estamos na linha de frente da educação das crianças, nossopapel é fundamental na mudança de rumos para uma sociedade mais humana.


Aqui neste Blog nosso papel é levar à reflexão. E para isso invocamos novamente José Saramago, a falar para homens e mulheres sobre esta questão de humanidade.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Espanha é condenada por impedir mãe de reduzir jornada





Trabalho e família

A Espanha foi condenada a pagar 16 mil euros (cerca de R$ 40 mil) para uma trabalhadora impedida de conciliar a vida de trabalho com a familiar. A Corte Europeia de Direitos Humanos considerou que a Justiça espanhola falhou ao não garantir à mulher o direito à redução da jornada de trabalho. Para o tribunal europeu, a trabalhadora foi vítima de discriminação sexual e, por isso, deve ser indenizada. A decisão ainda não é definitiva e pode ser modificada pela câmara principal de julgamentos da corte.

Embora a Corte Europeia de Direitos Humanos — que engloba os 47 países europeus — ainda não tenha jurisprudência formada sobre o direito de conciliar trabalho com filho, o assunto já está pacificado no âmbito da União Europeia e vale para os seus 27 países integrantes. É considerada contrária às regras da UE qualquer lei que, embora neutra, prejudique as mulheres. É o caso, por exemplo, de regras de trabalho que impeçam mães de trabalhar e cuidar dos seus filhos.

Na Espanha, há lei que garante aos pais de crianças menores de seis anos o direito à redução de jornada de trabalho. O homem ou a mulher responsável pela criação do filho pode pedir a redução para conciliar a vida familiar com a profissional. Ainda assim, esse direito foi negado para Raquel García Mateos, funcionária de um supermercado.

Em 2003, ela conseguiu a guarda de seu filho menor de seis anos e pediu a redução da jornada de trabalho. Diante da negativa, apelou à Justiça. Seu caso chegou até o Tribunal Constitucional da Espanha, que reconheceu a violação do direito de Raquel. O tribunal espanhol lembrou a jurisprudência da UE e considerou que impedir a diminuição das horas de trabalho prejudica especialmente as mulheres. Isso pode, portanto, ser considerado prática discriminatória em razão do sexo.

Na prática, a vitória no Tribunal Constitucional não significou nada para Raquel. A corte trabalhista de primeira instância se negou a aplicar a decisão superior e, quando finalmente o Tribunal Constitucional se pronunciou de novo, o filho de Raquel já tinha mais de seis anos e ela não tinha mais direito à redução do trabalho. Diante dessa situação, o tribunal espanhol se limitou a reconhecer a violação e explicou que a lei espanhola não prevê nenhuma indenização para esses casos.

Para a Corte Europeia de Direitos Humanos, a postura adotada pelo tribunal espanhol perpetuou a discriminação sexual. Os juízes explicaram que não basta que a Justiça local reconheça a violação de direito fundamental. Ela precisa agir. Quando já é tarde demais, deve fixar uma indenização para tentar reparar os danos sofridos pela vítima da violação. A corte europeia julgou que a Justiça da Espanha falhou e mandou o país indenizar a trabalhadora. (Conjur, 25/2/13, por Aline Pinheiro).

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

É perigoso na Índia


Marina Colasanti
Na Índia, é muito perigoso para uma mulher andar de ônibus. É muito perigoso para uma mulher, na Índia, andar, mesmo a pé. É perigosíssimo para uma mulher, na Índia, ficar viúva. Na Índia, desaconselha-se vivamente a uma mulher ficar idosa – e, aliás, faz-se o possível para que isso não aconteça. O melhor, para uma mulher, na Índia, é não nascer mulher.

Agora mesmo, depois do escândalo da jovem estuprada por seis num ônibus e morta a golpes de barra de ferro, uma outra passageira de ônibus foi estuprada por sete durante toda uma noite, e uma terceira nem que sequer estava em um ônibus foi sequestrada, estuprada, estrangulada e jogada numa vala – diz o pai dela que foi trabalho da família o marido, marido incluído, ressentidos todos porque o dote levado para o casamento havia sido modesto.

Na Índia, ainda agora em pleno desenvolvimento, se o dote de uma noiva é considerado insuficiente, não se devolve o dote, se devolve a noiva, de preferência, morta. Devem-se à indústria do dote cerca de 100 mil assassinatos de mulheres a cada ano.

Se o dote for bom, há outros recursos. As agressões, a escravização doméstica, as lutas de castas, as ofensas à honra, as disputas familiares, o infanticídio feminino conseguem elevar essa estatística para 2 milhões anuais. E, se tudo falhar, pode-se sempre mandar a fêmea da espécie dar uma volta de ônibus.

Suspeito que a antiga tradição de imolar a viúva na pira funerária do marido seja menos uma imposição do que uma escolha, pois a viver nesse inferno, melhor o fogo.

Na década de 60, quando éramos hippies e buscávamos a elevação espiritual, ficou bem, além de procurar a iluminação em todas as drogas, gostar da Índia. Tive vários amigos e amigas que lá passavam longas temporadas, regressando à beira do êxtase. Sobre a questão das castas e da violência contra as mulheres passavam levitando, era tudo parte do grande pacote místico que os encantava e que não podia ser objeto de críticas.

Li recentemente um belíssimo livro sobre a Índia, escrito por quem entende dela, a jovem indiana Arundhati Roy. O deus das pequenas coisas é um romance, mas pode ser assimilado como um ensaio, porque tudo o que conta – a não ser a trama – é verdadeiro, fruto de uma observação minuciosa somada a vivências pessoais. Na história de três gerações de uma mesma família, as mulheres tecem os fios mais importantes e sofrem, todas elas sofrem, a matriarca apanhando do marido, uma tia vivendo em segredo a paixão por um missionário, uma menina sofrendo a ausência da mãe, e a mãe entregando-se no escuro segredo da noite a um homem da mais baixa casta, um intocável.

O livro de Arundhati pode ser lido como um ensaio não apenas porque se passa em Kerala, onde ela própria nasceu e cresceu, mas porque, ativista nas questões femininas e contra o sistema de castas, essa jovem mulher conhece bem o universo de preconceitos de que fala.

A posição social das indianas tem melhorado muito nas últimas décadas, figuras femininas se destacam em todas as áreas e multidões estão indo para as ruas clamando por leis de proteção mais severas. Mas no país ainda preso às antigas estruturas patriarcais, o avanço das mulheres é vivido pelos homens como uma ameaça e está gerando violência ainda maior contra elas. (Primeiramente publicado no ESTADO DE MINAS, Cultura, 17/01/2013, publicado neste Blog com a autorização da Autora).

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

De onde vem a opressão?

Uma questão de gênero, o feminino.

A questão é o útero. E os peitos. Tem também a questão da membrana, o hímen. Quanto aos órgãos sexuais externos tem-se notícia que já podem ser modificados com cirurgias complexas, transformados um no outro.

Deles, dos órgãos que tem as mulheres, de tudo que deriva e nasce deles, o sexo, o sangue, a criação da vida, vem com eles, historicamente, o cerceamento, o controle, a opressão.

Quando deveria vir compulsoriamente a reverência à criação, o respeito, o cuidado.

A biologia é inafastável. O cerceamento, o controle, a opressão não aceitamos mais.

Queridas, caridade começa em casa. Comecemos por nós. Consciência ampla do nosso corpo e suas implicações. Consciência ampla do nosso papel no mundo. Cabe a nós nos darmos o devido respeito e importância. Nada de mendigar, auto respeito é tudo e modifica nossa atitude e nossas relações com os outros.

Fórum de Mulheres. Um blog feminista, é claro.

Pilar del Rio em entrevista a jornalista português, cena do filme "José e Pilar" do cineasta português José Gonçalves Mendes