sábado, 8 de março de 2014
A turma do Bolinha, um case
Nada mais propício que o Dia Internacional da Mulher para fazer uma breve análise sociológica sobre o tema dentro da advocacia. Vamos contar uma história, um case, como se diz agora, que fala por si.
Houve uma vez um renomado escritório na década de 90, localizado em bairro nobre, na zona de poder da capital. Daqueles escritórios que contratavam "associados", advogados empregados não celetistas, que recebiam um fixo, muito baixo, sem plano de saúde, INSS, etc.. Sequer podiam assinar as petições ao lado do nome do dono do escritório, um doublé de advogado e empresário. Mas isso não vem ao caso. O que vem caso é a trajetória diferenciada feita pelos advogados e advogadas empregados, digo, associados, daquele escritório.
Em 20 anos, dois ou três fizeram concursos, promotoria e magistratura. Um dos advogados associados desbancou o dono do escritório levando-lhe a clientela graúda. Levou também uns quatro advogados com ele.
Tempos depois uma das advogadas juntou-se ao novo grupo mas não ficou muito tempo.
Depois desmembraram-se, sempre em turmas de homens e formaram outro grupo.
As advogadas, voltemos o foco sobre elas. Duas associaram-se brevemente. Duas largaram a advocacia. Duas continuaram advogando sozinhas.
É apenas uma história mas fala por si.
Serviço: Bolinha, personagem de histórias em quadrinhos criado pela americana Marjorie Henderson Buell em 1935. A partir das histórias em gibis da dupla Bolinha e Luluzinha é que surgiram e ganharam força as expressões “Clube do Bolinha” e “Clube da Luluzinha”. Tudo porque Bolinha, líder de um grupo de garotos, tinha como lema a frase: “Menina não entra!”. Luluzinha e Bolinha apareceram em território brasileiro pela primeira vez nas revistas em quadrinhos publicadas pela editora O Cruzeiro em 19551.
Três pontos de vista sobre o Dia Internacional da Mulher
Temos um pronunciamento a fazer, será breve, cremos que o dia internacional da mulher é efeméride das mais chatas e desconfortáveis. Perdoem-nos os que pensam o contrário. Há três turmas distintas. Há aquela que tem certeza que nada há a comemorar. A tripla jornada? perguntam irônicas. A do meio, aquela segundo a qual a data é de reflexão e balanço da caminhada e dos avanços e do que falta. A terceira, é a festiva, para a qual a data é como um aniversário coletivo, quando se felicitam umas às outras com derramados elogios. De poderosa e guerreira para cima. Ok, se serve para aumentar a autoestima do mulherio, tudo bem.
But se somos guerreiras vivemos mesmo numa guerra, o negócio está feio para o nosso lado, e não vemos muito sentido em nos felicitarmos por este fato. Louvamos o esforço de superação com tapinhas nas costas umas das outras e beijos nas faces e deixamos de lado as causas e consequências.
"De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), de 2007, mulheres e homens só vão alcançar a equiparação em 2100. Não só. Os dados da violência são alarmantes. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a cada cinco minutos uma mulher sofre agressão no mundo. o responsável por 70% dos atos de barbárie é gente de casa - marido, companheiro ou namorado." (EM, editorial, 8/3/14).
Assinar:
Postagens (Atom)